domingo, 10 de junho de 2018

Carta Pastoral ao 126º Concílio Diocesano

Carta Pastoral ao 126º Concílio da Diocese Meridional da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – Paróquia do Redentor – 8 a 10 de Junho de 2018.

Estamos reunidas, reunidos, para esta assembleia conciliar no contexto do Centenário da Paróquia do Redentor, aqui na Cidade Baixa em Porto Alegre. Esta comunidade e este local onde está inserida apresentam grandes desafios para o futuro.  O 34º Sínodo da nossa Igreja Episcopal Anglicana do Brasil também deixa importantes desafios para o futuro. Qual será nossa contribuição como parte da Igreja Católica de Cristo, como instrumento da Missão de Deus no mundo?
 Deus em Cristo, através da ação do Espírito Santo, Ventania de Vida e Missão, já nos inspirou com o tema e lema deste Concílio: “Igreja Viva, Comunidade Acolhedora” e, tomado da profecia de Jeremias: “Há uma esperança para o teu futuro, diz o Senhor” (Jr 31.17a).
Igreja Viva é, segundo nos ensina o testemunho das primeiras comunidades, é Igreja de Pedras Vivas, edificadas sobre a Pedra Angular de Nosso Senhor Jesus Cristo (1 Pedro 2.4-5). A Igreja é o povo que vive a fé em Cristo! Portanto, ser Igreja Viva, é viver buscando permanentemente, perseverantemente e comprometidamente realizar a vontade e amor de Cristo nas nossas vidas e nas vidas de outras pessoas. Onde estão estas pessoas com as quais nossas vidas se conectam em Cristo? O que Deus nos pede através delas?
Tenho conhecido diversas pessoas que chegaram a nossas comunidades. Pessoas sozinhas, famílias, casais, pessoas em grupos, pessoas abandonadas. Todas essas pessoas estão buscando, na nossa igreja, um lugar bom e seguro. Uma Igreja Viva não pode ter medo de outras pessoas e dos desafios que elas apresentam. Ser Igreja Viva vai além da busca da própria comodidade ou facilidade. Igreja Viva é aquela que se joga por fé nas mãos do Senhor. Igreja Viva é aquela que se deixa construir pelos desafios da Missão a partir da Pedra Viva Angular, e na Sua Graça se constrói com Pedras Vivas, que são evidências do Seu Amor, e instrumentos do Seu Reino.
Comunidade Acolhedora, no testemunho das primeiras comunidades cristãs, é a “casa”. Em grego “oikos” de onde se deriva o termo “oikoumene” ou “ecumenismo”, e até no sentido maior, o planeta como “Casa Comum”. A primeira comunidade acolhedora foi a casa das irmãs Marta, Maria e seu irmão Lázaro (Lucas 10.38; João 12.1-3). Esta casa serviu de inspiração para a Sede das Filhas do Rei em nossa Diocese. As primeiras comunidades acolhedoras foram casas, como afirma o testemunho de Lucas em Atos dos Apóstolos: “Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração” (Atos 2.46b).
Se nossa Igreja não fizer que as pessoas se sintam “em casa” não será uma comunidade acolhedora. Se sentir em casa, como vocês bem sabem, é se sentir bem-vindas, amadas, fazendo parte da partilha sem distinção!
Mas, ser comunidade acolhedora, é também criar comunhão entre as nossas casas e a casa de Deus, que é a Igreja. Cresce entre nossas comunidades a prática de celebrações, orações e estudos bíblicos nas casas! Esta prática deveria ser tão importante para nós quanto a celebração dominical nos nossos templos! Quando somos comunidade acolhedora, quem não tem casa encontra um lugar onde se sentir em casa, e encontra as forças na busca por um lar. Quando somos comunidade acolhedora, quem tem casa, vive em nossas comunidades a extensão de seu convívio humano e familiar.
Então voltamos ao lema que o profeta Jeremias profetizou para o povo de Deus: “há uma esperança para o tu futuro”. E quando o profeta disse isso o povo não estava bem. Muito pelo contrário! Toda a elite dirigente do seu país, que era referência em todas as áreas da vida social, econômica e política, tinha sido levada para o exílio na Babilônia. Ele próprio, por denunciar a maldade dos usurpadores do poder, foi jogado dentro de um poço e deixado para morrer.  O povo pobre, nem a elite exilada, enxergava uma saída em curto prazo. Parecia tudo perdido!
Nós vivemos uma crise total no Brasil. Por um lado, esta crise é fruto de um sistema econômico, social, político e até cultural, completamente injusto e desigual, que promove a corrupção em todos os níveis, e promove o ódio, promove o desprezo contra as pessoas pobres, trabalhadoras, historicamente excluídas e discriminadas.
A nossa Igreja Episcopal Anglicana do Brasil está sendo chamada fortemente e claramente para ser sinal do amor e da justiça de Deus nestes tempos. Este chamado não é fácil, mas é nosso. E como na época de Jeremias, se paga um alto preço pela palavra profética! O próprio Jeremias desejou não ter nascido!
Seja aquele homem como as cidades que o Senhor destruiu sem piedade. Que ele ouça gritos de socorro pela manhã, e gritos de guerra ao meio-dia; pois ele não me matou no ventre materno nem fez da minha mãe o meu túmulo, e tampouco a deixou permanentemente grávida. Por que saí do ventre materno? Só para ver dificuldades e tristezas, e terminar os meus dias na maior decepção? (Jeremias 20.16-18).
Cargas pesadíssimas de nosso passado. Cargas que são fruto de uma administração negligente e desorganizada. Cargas que, mesmo tentando tomar medidas de eficiência, organização e controle, não nos isentam de cometer erros. Vivemos ainda com o peço diário de saber que ainda estamos longe de uma “solução”. Isso é cansativo e frustrante para todas e todos nós, em todos os níveis de nossa diocese.
Mas, a voz profética de Jeremias, ecoa entre nós! Jeremias nos lembra de que este povo já foi libertado através do deserto e assim Deus fará de novo (Jeremias 31.1-9). E nos versículos que antecedem ao lema deste Concílio, diz claramente que os reunirá como um Pastor reúne seu rebanho! (31.10).  Então, a alegria superará a tristeza, e a fartura substituirá a miséria, e enfim o grito das mães que perderam suas crianças assassinadas (o grito de Ramá, em 31.15) desaparecerá!
Por isso é que há esperança para o futuro. Igreja Viva, Comunidade Acolhedora, com esperança no seu futuro é aquela que deixa Jesus a pastorear, aquela que vence o medo, aquela que dispõe a segui-lo pelo deserto, aquela que se entrega alegremente ao seu amor e seu poder.
Queridas irmãs e irmãos, que ouvem estas palavras aqui no Concílio e em cada uma de nossas comunidades, repitam comigo: “Há uma esperança para o teu futuro, diz o Senhor”!
Somos a Igreja Viva, em comunhão com toda nossa Igreja Episcopal Anglicana do Brasil e seu desafio missionário inclusivo, seguindo as cinco marcas da Missão na Comunhão Anglicana? Então, digamos juntas e juntos: “Há uma esperança para o teu futuro, diz o Senhor”.
Somos comunidades acolhedoras, em comunhão com todas as pessoas que buscam uma casa de irmãs e irmãos em Cristo, em diálogo e partilha ecumênica, inter-religiosa, amorosa, inclusiva, participativa, profética?  Então digamos: “Há uma esperança para o teu futuro, diz o Senhor”.
Que a Santíssima Trindade, Pai Materno, Palavra Encarnada em Jesus Cristo, Espírito Santo que é Ventania de Vida e Missão, nos capacite e anime a viver a fé através de nosso jeito anglicano de ser, no amor que une, na fé que nos sustenta, na justiça que nos desafia, na paz que nos espera. Por que hoje afirmamos que: “Há uma esperança para o teu futuro, diz o Senhor”. Amém.

Bispo Humberto Maiztegui Gonçalves

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Diocese Meridional realiza 126º Concílio


Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB)
Diocese Meridional
CXXVI CONCÍLIO DIOCESANO

A Diocese Meridional, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), realiza neste final de semana (8, 9 e 10 de junho) o seu 126º Concílio Diocesano. 
Com o lema “Há esperança para o teu futuro”, inspirado no livro de Jeremias 31.17, e o tema “Igreja Viva, Comunidade Acolhedora”, o Concílio reflete a missão terapêutica da Igreja, que busca defender a vida e sempre acolher as pessoas na vida comunitária.
Cada comunidade é oficialmente representada no Concílio por uma delegação, mas a assembleia é aberta para a participação de visitantes ecumênicos e todas as pessoas da Igreja que desejam acompanhar os trabalhos e congregar nos momentos de celebração. 
As celebrações de abertura e encerramento são, tradicionalmente, bem participativas, contando com a presença de visitantes. 
Toda a programação do Concílio se dará nas dependências da Paróquia do Redentor, Rua José do Patrocínio, 570, Cidade Baixa, Porto Alegre / RS.
A cerimônia que abrirá o 126º Concílio, com leitura da Carta Pastoral do Bispo Diocesano, Humberto Maiztegui Gonçalves, será na sexta-feira, as 19:30 horas.
A celebração de encerramento está marcada para as 14:00 horas do domingo, dia 10. A pregadora será a Revma. Bispa Marinez Rosa dos Santos Bassotto, da Diocese Anglicana da Amazônia. 

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Aprovado casamento religioso entre pessoas do mesmo sexo


O dia 1º de junho, de 2018, aniversário de 128 anos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) foi também um momento histórico, pois, aprovou uma mudança canônica que permitirá o casamento religioso de pessoas de mesmo sexo. A aprovação da proposta que permite o sacramento do matrimônio para duas pessoas, independentemente de gênero e orientação sexual, foi aprovada por uma grande maioria de votos – 57 a favor, 3 contra e 2 abstenções. Esta é a terceira vez que o assunto é apreciado pelo Sínodo Geral, que agora aprovou a matéria, reservando sua plena concretização a partir de aprovação canônica em cada diocese.
No momento em que qualquer diocese da IEAB aprovar em concílio esta alteração nos cânones diocesanos, uma pessoa membro da Igreja que já convive com outra do mesmo sexo ou que segue esta orientação sexual em sua vida, poderá receber a benção da união matrimonial. E para esta celebração de matrimônio não serão necessárias mudanças litúrgicas, visto que o rito matrimonial do Livro de Oração Comum de 2015 foi adequado à neutralidade de gênero e deverá ser usado para a celebração do matrimônio entre duas pessoas de quaisquer gêneros.
O 34º Sínodo Geral da IEAB, que iniciou na noite de ontem, após dois de Confelider, o encontro nacional de lideranças, segue até domingo ao meio dia com uma extensa pauta que contempla alterações canônicas e eleição de Bispo ou Bispa Primaz e outros cargos e funções.