Quando as pessoas perguntam pela origem da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), logo querem saber quem foi o seu fundador. A resposta geralmente encontrada nos livros de história de que foi Henrique VIII não corresponde à verdade, pelo simples fato de que o controvertido rei não podia fundar algo que já existia. A resposta correta é Jesus Cristo. Todas as igrejas históricas tiveram a sua origem nele e se espalharam pelo mundo afora, adquirindo no curso da história características e feições próprias.
Algumas se afastaram tanto de seu verdadeiro fundador, que perderam as suas raízes históricas, sendo por isso consideradas muitas vezes como seitas. Outras conservaram a sua origem e tradição apostólicas. É o caso da Igreja Anglicana, que atravessou os séculos sem perder as suas características, que remontam aos tempos dos apóstolos.

Supõe-se que o Cristianismo chegou à Inglaterra por volta do século III. Nessa época, o território inglês estava dominado por um processo de colonização romana. Os legionários, mercadores, soldados e administradores romanos levaram à colônia as suas leis, os seus costumes e a sua religião. Entre eles estavam provavelmente aqueles que tinham abraçado a fé cristã e oravam secretamente ao Deus verdadeiro, enquanto os seus companheiros prestavam honras ao império, ao imperador e aos deuses das religiões de mistério.
Claro que estamos aqui no terreno das hipóteses e conjecturas. A história não deixou documentos que pudessem provar a veracidade dos fatos. Por isso, nos lugares marcados pelo silêncio da história, encontramos lendas, sagas e tradições, que falam das longas viagens missionárias, que teriam sido realizadas àquela ilha pelos apóstolos Paulo e Filipe e por José de Arimatéia.
A primeira referência histórica encontrada sobre a existência de cristãos na Grã-Bretanha foi feita por Tertuliano em 208 a.D. Tertuliano fala de regiões da ilha que haviam se convertido ao Cristianismo. Pouco se sabe sobre esses cristãos durante o segundo século. O certo é que no ano 314 da era cristã, três bispos ingleses participaram do Concílio de Arles, no sul da França. Os nomes deles eram Eborium, de York, Restitutus, de Londres, e Adelfius, sem diocese determinada, mas provavelmente de Lincoln. Cada um deles estava acompanhado por um presbítero e um diácono. A presença desses antistes e seus companheiros mostra que já havia uma igreja organizada na grande ilha. Embora não tenhamos informações de que os bispos ingleses tivessem participado do Concílio de Nicéia em 325, Atanbásio escreve que a igreja inglesa observava as decisões daquela histórica reunião ecumênica.


No final do século X, os dinamarqueses invadiram a Grã-Bretanha e destruíram quase tudo, deixando a impressão de que Deus havia se ausentado do mundo. Em 1066, houve uma invasão normanda, mas com a diferença de que o rei já era cristão e, por isso, a Igreja foi protegida. Doze séculos depois, a parte inglesa da Igreja julgou necessário resistir à antiga intromissão papal, rompendo definitivamente a sua milenar relação com a Igreja de Roma.

Os primeiros sinais da reforma inglesa, que vão eclodir na separação provocada por Henrique VIII, em 1534, começaram, na verdade, vem antes com Santo Anselmo (1034-1109). Anselmo só havia aceitado o convite para ser Arcebispo de Cantuária sob duas condições: que as propriedades da Igreja
fossem devolvidas pelo rei e que o arcebispo fosse reconhecido como conselheiro do rei em matéria religiosa. A luta que começou entre a coroa inglesa e a Igreja de Roma confirmou, mais tarde, que a Inglaterra fez sua reforma religiosa debruçada sobre si mesma. O fato é que Henrique VIII não fundou uma nova igreja, mas simplesmente separou a Igreja que á existia na Inglaterra da tutela e controle romanos por razões políticas, econômicas, religiosas e pessoais. Durante quase mil anos a Igreja da Inglaterra esteve sob o domínio direto de Roma. Henrique VIII rompeu com essa antiga filiação eclesiástica com o apoio do Parlamento e da própria Igreja.



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